Sobre

Campo das Artes

Consequência concreta de uma importante trajetória artística, o Campo das Artes é o projeto de vida do ator curitibano Luis Melo, que abre para a comunidade local e nacional um dos mais singulares espaços culturais do Brasil. Um espaço que garante a tranqüilidade para o desenvolvimento de projetos culturais e a infra-estrutura necessária para o atendimento ao público visitante.

O Campo das Artes tem como missão promover a valorização da arte e da cultura, oferecendo um espaço voltado  ao  encontro, pesquisa, produção e apresentação de ações artísticas e culturais, numa interlocução com a comunidade de São Luis do Purunã e a Paisagem Cultural dos Campos Gerais.

Luis Melo

Foto: Paulo Henrique Camargo

Nascido em 1957 em Curitiba, Paraná, Luís Melo é uma das referências no meio teatral, televisivo e cinematográfico brasileiro. Sua entrada no universo da dramaturgia se deu na década de 1970, por meio do curso permanente de teatro da Fundação Teatro Guaíra, em Curitiba. Uma década mais tarde em São Paulo, sob a tutela do diretor Antunes Filho no Centro de Pesquisa Teatral (CPT), o ator ganha reconhecimento pela maestria e sensibilidade às técnicas de corpo e voz, e por sua potência interpretativa.  

Ao interpretar Macbeth, em Trono de Sangue (1992), é reconhecido com os prêmios Shell, Mambembe e Associação Paulista de Críticos de Arte, consagrando-se como um dos grandes atores de sua geração. Três anos mais tarde, Melo é convidado para atuar na televisão brasileira pela primeira vez, atingindo uma grande popularidade fora do meio teatral, sem jamais, entretanto, abandonar os palcos.    

A partir dos anos 2000, Luís Melo retorna à Curitiba e passa a dedicar-se também à formação de jovens profissionais do teatro, fundando, em parceria com a atriz Nena Inoue e o cenógrafo Fernando Marés, o Ateliê de Criação Teatral (ACT) – uma proposta expandida do CPT de Antunes Filho em São Paulo. Ao longo de seis anos de existência, o ACT promoveu importantes e indispensáveis diálogos abertos entre artistas, produtores culturais e público, e a proposta transdisciplinar do espaço foi um verdadeiro marco no fazer e pensar as artes no Paraná. Muito além do teatro, o ACT tinha como missão promover um campo fértil para a música, fotografia, artes plásticas, literatura, cinema: não havia fronteiras de linguagens ou expressões.

A herança vanguardista do ACT após o encerramento de suas atividades deixou não apenas um vácuo no meio cultural curitibano, mas também uma semente: ali brotou o sonho de Luís Melo para a idealização, construção e fundação do Campo das Artes.

A região

Nenhum visitante passa incólume à exuberante geografia dos Campos Gerais do Paraná. A serra de São Luiz do Purunã faz parte da área de Proteção Ambiental da Escarpa Devoniana, cuja idade remonta 360 milhões de anos.

Uma paisagem marcada por campos limpos de vegetação rasteira e matas de floresta mista com a predominância marcante das araucárias, pontuada por afloramentos rochosos e sinuosos cursos de água. A passagem do tempo e as estações do ano são perceptíveis em cada mudança da vegetação: dos campos floridos da primavera e do verão à relva dourada do outono. 

Considerada hoje um importante polo turístico do Paraná, a região dos Campos Gerais tem grande relevância histórica, com marcantes referências à cultura indígena, tropeira e extrativista de erva-mate e madeira. A abundância de araucárias, de águas que correm sobre lageados de arenito e o relevo suave fizeram desse espaço um território significativo para grupos indígenas das famílias linguísticas Jê e Tupi-Guarani, e no século XVIII foi uma relevante rota tropeira do Brasil. O ciclo do tropeirismo, que se estendeu ao início do século XX, ainda tem forte influência na cultura e costumes da população de São Luiz do Purunã, que preserva muitos hábitos herdados dos tropeiros, como a criação de cavalos.